segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Singelas sugestões para quem está começando...

Caros amigos iniciantes,

Hoje quero dar-lhes umas sugestões que considero bastante eficazes para quem quer iniciar ou já está iniciando suas práticas, mas que ainda sentem alguma dificuldade.

1. Local para a prática:

Escolha um local limpo, arejado e tranquilo. No começo você precisará de tranquilidade. Com o tempo de prática, poderá se concentrar e meditar onde quiser. De preferência, escolha um local específico e estabeleça-o para ser o seu local de prática. Se você mora com família ou amigos, escolha o seu quarto e encontre um canto onde possa se sentar confortavelmente. Se morar só, procure ter um cômodo, se possível, somente para isso. Ter um espaço para somente meditar é muito bom e nos ajuda muito a manter a assiduidade da prática porque as energias próprias da meditação ficarão impregnadas ali, o que facilitará a sua entrada no estado de concentração, mesmo em momentos em que a mente esteja muito agitada. Se quiser, caso siga alguma religião, poderá montar, neste cômodo um altar com estátuas de representações divinas, fotos de santos e mestres, etc. Caso não queira, isto não é imprescindível.

2. Preparação:

Sempre muito bom tomar um banho, escovar os dentes antes de praticar. Hábitos de higiene são importantíssimos para uma prática saudável. Procure fazer todas as suas necessidades (urinar e defecar caso seja necessário no momento) antes de sentar-se para meditar. Não é bom sentar-se sentindo, ainda que pouca, necessidade de ir ao banheiro. Isso prejudica o relaxamento do corpo, principalmente das partes genitais. No caso de ter se alimentado antes de praticar, espere pelo menos 40 minutos após a refeição, caso ela tenha sido leve. Se tiver sido uma refeição mais pesada, espere pelo menos 1 hora e meia. Não é bom competirmos com a digestão. Ela queima bastante energias e, se direcionarmos essa energia para a meditação não faremos bem nem a digestão e nem a prática.

3. Postura:

É bom acostumar o corpo (se possível) numa posição de pernas cruzadas no chão. Pode-se sentar numa cadeira, sem problemas, mas eu penso que a postura chamada सुखासन (sukhAsana) é mais eficaz para a formação de um campo energético em torno do seu corpo, o que é muito bom para nosso sistema nervoso e para a circulação da energia. As mãos podem se posicionar da maneira mais confortável para você. Penso que se você as entrelaçar, estará reforçando a formação do campo energético em torno de seu corpo também, o que é muito positivo. Se quiser utilizar uma almofada, procure sentar-se sobre a borda da almofada, lembrando sempre que a coluna deve estar ereta, e os ísquios (os ossinhos que temos na base da pélvis, que servem de apoio aos quadris) devem estar apoiados no chão (ou na borda da almofada). Sentando-se sobre a almofada, seus quadris ficarão mais altos que os joelhos, o que o ajudará a manter a coluna mais reta e com menos tensão. Não permita que sua coluna se arqueie e que o apoio do acento se concentre sobre o cóccix (o osso de base da coluna vertebral, próximo ao ânus), pois isso prejudica a sua conscientização e a sua saúde, por ser, esta região, cheia de nervos diretamente ligados à coluna. Tente encontrar uma posição estável na qual se sinta confortável. Balançar levemente o corpo, no início, movimentando as vértebras da coluna um pouquinho ajuda bastante a nos ajeitar. Procure alongar toda a coluna, desde o cóccix até a cervical, aproximando o queixo da garganta, alinhando-o, porém, sem descer o rosto. Tendo encontrado sua postura, aquiete o corpo. Pare qualquer movimento intencional. Feche os olhos. Importantíssimo que se feche os olhos pois eles dispendem demasiada energia mental se abertos. Procure não distrair-se. Para isso, os olhos devem ficar fechados.

Detalhe que muito pouco se fala: para maior circulação energética e entrega, perceba como estão as sombrancelhas, as mandíbulas (maxilares), o períneo e o ânus. Solte completamente essas quatro regiões de qualquer tensão. A língua também deve estar solta e relaxada, o tempo todo.

4. Invocação ou prece (opcional):

Por meio de uma prece ou de um simples pedido, se você segue alguma religião, você pode invocar graciosamente o Senhor e santos já realizados, para que você possa ter sucesso em sua prática. Se você não segue nenhuma religião específica, pode simplesmente invocar o Princípio de Vida do universo, ou em você mesmo, e pedir por este sucesso. Lembre-se: Meditação não tem nada que ver com religião, embora muitas, ou praticamente todas a adotem, em algum momento. Se preferir, pode suprimir este passo.

5. Respiração regular:

Muito se recomenda a utilização de uma respiração regular como meio para atingir um certo relaxamento e o estado de interiorização. Um exemplo simples de ser realizado:
Estabeleça uma contagem mental, em rítmo regular (sem acelerações ou desacelerações), constante. Inspire contando até 6 (ou 8, ou 12, a depender da sua capacidade respiratória - isto é você quem deverá observar e perceber os seus limites. A respiração não deve ser tensa, nem forçada, mas leve, relaxada, profunda e, sobretudo, lenta). Aqui vamos estabelecer o limite de 6 tempos de contagem para cada fase da respiração a saber:
  • Inspire contando de 1 a 6;
  • Retenha pulmões cheios, contando de 1 a 6;
  • Exale, contando de 1 a 6.
Se achar que consegue, ao terminar a exalação, manter os pulmões vazios contando de 1 a 6, pode acrescentar esta fase ao processo. Caso sinta que ainda não lhe é possível, deixe-a de lado, respirando somente em 3 fases (inspiração-retenção-exalação).

Mantenha a contagem presente, mentalmente, em ritmo regular e constante e vá repetindo o processo descrito algumas vezes. Pelo menos umas 9 ou 10 vezes é bom repetir. Você perceberá uma mudança no seu estado de mente. Perceberá que, embora ainda haja pensamentos, ela estará mais tranquila e calma. Não há uma quantidade específica de repetições necessárias. Você é que deverá estar atento(a) à necessidade de continuar mais e mais, ou não, conforme esteja a sua mente, se mais agitada, ou mais tranquila.

Ao sentir que já repetiu o processo de respiração regular suficentemente, pare a contagem e apenas inspire mais profundo e exale completamente o ar, por 3 vezes. Então, solte a respiração e não mais a altere.

6. Interiorização:

Deixe o corpo se relaxar mais e mais. Perceba-o se relaxando. Solte os pés e as pernas. Solte mais e mais o períneo e o ânus. Relaxe os músculos das costas, os ombros, os braços e as mãos. Solte o pescoço alongado, de suas tensões. Solte os maxilares e o ponto entre as sombrancelhas. Não pressione as pálpebras. Deixe-as suavemente cerradas. Perceba a sua pele em toda a extensão do corpo; os pontos em que ela se tensiona e os pontos em que há relaxamento. Perceba o contato das pernas, das mãos, da roupa no corpo, etc.

Enquanto vai relaxando e percebendo as partes, já vá procurando manter a sua atenção na sua respiração livre, solta. Solte os controles... Não modifique a respiração. Não se apegue a nenhum som externo. Volte cada vez mais a sua atenção às sensações e para a totalidade do seu corpo. Sinta-se aí, sentado. Permaneça o quanto sentir que é agradável ou possível. Não há determinações específicas de tempo para cada fase da prática, mas é bom tentar permanecer em cada uma delas um certo tempo que poderia durar de 5 a 10 minutos. Mas não é regra. Nada deve ser mecânico, até porque não ficaremos abrindo os olhos para olhar o relógio, certo!? ;)

7. Concetração na respiração:

Vá deixando, aos poucos, as partes do corpo 'de lado'. Concentre sua atenção no 'como' o seu corpo está respirando, sem julgamentos. Não emita nenhum juízo sobre isso. Apenas observe sem modificar a ação, que é só do corpo, neste momento!
Concentre a sua atenção no como a respiração 'acontece' neste momento, no seu corpo. Sempre observe "ESTE" momento. Solte os pensamentos referentes ao passado ou ao futuro. Observe as sensações relacionadas a como esta respiração está acontecendo. Sinta-se aí. Observe o corpo respirando.
Quando tentamos manter a atenção na respiração (ou em qualquer objeto, seja uma visualização, ou um mantra, etc), naturalmente os pensamentos começam a surgir; a tirar a sua atenção da respiração do corpo. Deixe ser. Não tente expulsar os pensamentos, nem se aferre a nenhum deles. Não se envolva emocionalmente com eles. Quando se pegar envolvido(a) no pensamento, apenas dê-se conta "opa"... e volte, sem julgamentos, sem lutas internas, para a atenção na respiração.

Volte para ESTE MOMENTO, na respiração do corpo. Novamente eles vão surgir, é natural. Volte... volte........ volte................ volte............... quantas vezes precisar voltar. Não precisa se irritar com a mente. É assim que ela é.

Continue sentindo o corpo respirar, sem modificar nada, mas agora, comece a imaginar que o ar entra pelas narinas e se aloja no ponto entre as sombrancelhas. Ao sentir que o corpo exala o ar, imagine esse ar saindo por esse ponto entre as sombrancelhas. E assim, fixe-se aí: no ar entrando pelas narinas e se alojando no entrecenho e saindo por ele ao exalar naturalmente. Isso vai aprofundar mais e mais a sua concentração. Agora é permanecer. Chegar aqui é, de certo modo, um tanto difícil... mas quando vc conseguir, sentirá um desejo grande de ficar mais e mais. Se sentir esse desejo, não reprima... esqueça o tempo, esqueça o corpo... desfrute!!
* * *

Bom, a partir daqui, não há mais o que querer dizer, porque agora é cada um consigo mesmo. Cada um terá uma experiência específica, de acordo com sua história de vida, com suas crenças, etc, etc... Não dá para padronizar nada. E cada um vai descobrir, por si só, como se conduzir nesta permanência, à medida que as novas experiências forem acontecendo. Agora, posso apenas desejar a todos uma boa prática!!

Abraços e muita PAZ!



Um comentário:

cd disse...

Considerando a relatividade "tempo", não poderia me classificar como iniciante em meditação; mesmo assim, sei que estou apenas no início da jornada. Obrigado, Rodrigo, pelas suas sugestões.

um buscador anônimo.
http://quemsoueu00.blogspot.com/