domingo, 25 de maio de 2008

MEDO: Esteja presente.


Desde criança que algumas vezes surgiam medos
na hora de dormir. É claro que com o desenvolver da personalidade os medos foram se transformando. Quando criança os medos eram do escuro, ou de ficar sozinho, desamparado. À medida que essa pessoa foi crescendo esses medos se modificaram para uma dificuldade de relaxar, de se soltar na cama, o que de uma certa maneira pode se traduzir por um medo do desconhecido, ou medo da morte. Dormir profundamente é como 'morrer' para o ego. No sono profundo, onde não há sequer sonhos, não há ego, não há a pessoa como há em estado de vigília ou de sonhos. Ao começar a relaxar, logo vinha uma falta de ar, um sobressalto e a respiração se agitava. Com o tempo o medo que vinha, na hora de se deitar era um medo do medo que surgia. O horror do medo em si gerava o medo de sentir esse horror mesmo. Não era sempre, mas acontecia às vezes. No dia em que decidi conscientemente enfrentar a situação, trazer a presença e aprofundar as sensações que o medo gerava no meu corpo o que aconteceu foi algo bastante curioso.
Quando a sensação de medo surgiu me conectei com o Ser. Coloquei-me presente, completamente, observando onde surgia a sensação no meu corpo e como a respiração acontecia. Deixei-a tomar conta do corpo e, junto com a respiração, sem tentar expulsá-la, intencionalmente permiti que se aprofundasse. Não modifiquei a respiração. Simplesmente a acompanhei. E a sensação foi se intensificando até que alcançou um pico e a respiração se intensificou naturalmente, e eu, ali, consciente, vivenciando aquela sensação desagradável, porém, livre de julgamentos, de desejos, realmente muito presente, deixando a coisa ser como era. O pico da sensação foi realmente algo libertador, porque eu respirava ofegantemente e o que antes havia se manifestado na região do plexo solar caminhou para o alto e chegou à garganta, até que se esgotou. Então, como que liberta, aquela energia se desfez lentamente. Aos poucos a respiração foi se acalmando... A paz veio se instalando novamente. Demorei um pouco a dormir... mas não tardou tanto quanto antes acontecia nos momentos de medo em que eu resistia a ele. E assim, adormeci e só acordei no dia seguinte, após uma noite tranquila de sono... Hoje posso adormecer com tranquilidade. Digo a mim mesmo: "Agora posso morrer um pouquinho"... e deito, e durmo em paz.

Eu aconselho fortemente a todos. Sinta o medo. Assim também, para qualquer outro sentimento, como tristeza, angústia, etc. Já fiz essa experiência com esses sentimentos que surgem. Eles acontecem devido às impregnações que temos na mente, de experiências vividas, provavelmente, na infância. Não há nenhum problema em vivenciar o que surge! Digo por experiência: No fundo, no fundo, não são sensações nem boas e nem ruins. Quando vc passa a observá-las e 'concordar' com o que são e como são, logo você começa a perceber que você NÃO É elas. São apenas manifestações naturais da mente humana. Não são problemas pessoais... São problemas humanos. Todos as tem. Elas vêm e vão e você apenas as observa. Passa a não haver mais identificação. Sinta medo! Sinta angústia, sinta tristeza! Deixe-as ser aí, agora, como são. Aprofunde-as com o respirar das sensações. Não entre no mecanismo da mente, porque tudo o que ela fará será sugerir outras coisas prá fazer ou pensar. Desça, sem medo, ao seu inferno e permita-se superar o desagradável, porque tudo passa... e no fim das contas, o resultado se revela muito mais compensador. Fugir tem sido a tônica, por anos e anos, ou para um passado, ou para o futuro. Tem adiantado? Somente se supera a dificuldade encarando-a no AGORA, com PRESENÇA plena, livre de julgamentos e desejos, apenas Sendo e deixando Ser.

OM

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O PODER DA PRESENÇA

Olá meus caros leitores... Depois de um longo período distante, retorno para falar um pouco deste homem e do que ele me ensinou...
Venho num processo, desde o final do ano passado, de vivências e aprendizados que, hoje, resultam numa paz ainda maior... E essa paz tem se estabelecido cada vez mais na minha vida. Quem ainda não conhece este homem, não leu ainda, ao menos o seu livro mais famoso, precisa conhecê-lo. Apresento-lhes Eckhart Tolle, o autor do famoso "O Poder do Agora". Ele sabe o que está falando! Seu ensinamento me ajudou ainda mais a me estabelecer na Presença. Tenho aplicado este ensinamento e, garanto, vale muito a pena! Para falar um pouquinho de sua história, era dedicado ao alargamento de seus conhecimentos acadêmicos, phd, etc, mas que sofria fortes crises de depressão, crises de pânico e medo, tinha tendências suicidas. Aos 29 anos de idade, uma noite, teve uma de suas crises terríveis de medo. Em meio a momentos de grande terror, teve um flash de lucidez e decidiu não fugir das sensações e desligou-se da mente e seus pensamentos amedrontadores. Apenas vivenciou a experiência, deu espaço para toda aquela energia, que há tanto tempo vivia bloqueando, se movimentar em seu corpo. Foi quando, no pico de sua experiência teve o momento de sua auto-realização. Havia se colocado em presença, observando o processo, conscientemente. Libertou-se de todo o sofrimento. A partir de então, não mais deu importância aos conhecimentos que vivia buscando, abandonou o trabalho, e viveu durante 2 anos num banco de praça, observando-se, observando o mundo. Hoje é um autor de sucesso pois escreveu um dos livros mais importantes que a humanidade já recebeu. Recomendo-o fortemente a todos que têm interesse em 'crescer' espiritualmente.
Após ter assistido a um video-palestra deste homem, joguei fora todos os meus preconceitos para com este livro sempre alocado em prateleiras de "Auto-Ajuda" e coloquei-me a ler incansavelmente até o fim.
"O Poder do Agora" é um livro que nos ensina a 'concordar' com a experiência que está sendo agora. Nos mostra o quanto a identificação com os conteúdos da mente nos tiram do agora. Na mente há toda a nossa história, todas as nossas crenças, a nossa auto-imagem extraída dessa história e das opiniões alheias. Vivemos no nível mental, praticamente sempre. Vivemos de memória, reagindo padronizadamente a todas as situações que acontecem em nossa vida. E nisso, não pode haver satisfação. Estamos sempre nos sentindo incompletos, inadequados e buscando sempre estar no futuro, pois do ponto de vista do nível mental, só o futuro poderá nos dar uma situação melhor de vida, a sensação de estarmos bem, felizes. Vivemos fugindo daquilo que É agora. Ora, a mente é apenas um arcabouço de memórias e, no máximo, um instrumento (muito poderoso, claro) de raciocínio. Não é ela que deve pautar nossa vida. Existe uma essência muito maior, plena, ampla e toda-permeante, que envolve também a mente, mas que é o que somos de verdade. Uma Presença plena independente da mente, dos atributos da mente, do corpo, dos atributos do corpo, da nossa situação emocional, financeira, etc. Esta Presença nos dá uma sensação de paz duradoura, de completude, preenchimento. Mas a Presença essencial que é o que somos em realidade não pode ser encontrada no futuro. Pode ser somente encontrada AQUI, AGORA, no que está sendo aí. E há uma maneira simples de acessá-la. Estando aí, no corpo, muito mais no corpo do que temos estado a nossa vida toda. No nível da mente só encontraremos projeções, ideais, memórias. Estar no corpo implica concordar com a experiência que está sendo agora. Temos a tendência de fugir dos nossos medos, de nossas angústias e tristezas, das sensações desagradáveis que eles geram no corpo, pensando em algo mais agradável, ao invés de, simplesmente, observar as sensações, sem julgamentos, e concordar com elas. Todo sofrimento, toda dor humana é justamente a oportunidade de observarmos nossas sensações e padrões de reação, para colocarmo-nos em Presença, sentindo, sendo, percebendo, respirando essa energia parada que entra em ebulição dentro do corpo e que tem, em geral, chegado a atacar a mente com as idéias de insegurança e medo. Simplesmente respirar isso, sem alimentar pensamentos, é o segredo. Deixar ser. É garantido. Passa. Em menos tempo do que se pode supor. Deixar a experiência aprofundar-se é o grande aprendizado. Tenho vivido isso e é incrível como o poder da Presença diante da experiência me ajudou a, gradativamente, me desidentificar do sofrimento, da mente, do ruído mental. Sinto-me além de tudo isso, incluindo tudo isso, mas há um espaço muito mais amplo dentro e fora de mim, que permite que as coisas se manifestem, se movimentem, e que não se afeta por elas. Sinto que encontrei a porta de entrada e estou em Casa! Às vezes saio? Sim, saio. Mas já sei o caminho de volta! O barulho da mente não mais me afeta como antes e não há mais ansiedade pelo amanhã. Não há mais a ansiedade do 'vir-a-ser'. Pode ser que ainda exista um processo a ser 'trilhado', vivido, mas sinto que estou na direção certa e isso me deixa muito em paz comigo mesmo. Ao mesmo tempo, sofro junto com as pessoas perdidas 'de suas casas' e sinto um respeito imenso pela dor humana, pela dor do próximo. Por isso estou aqui. Estou descobrindo que a minha missão é ajudar as pessoas, encorajá-las a não mais evitar suas dores, seus medos, suas angústias e a vivê-las, sem medo, inteiramente. É prá isso que vim.
OM Mangalam!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Criação no Hinduismo

SrI Pujya Swami Dayananda Saraswati, respeitado Mestre de Advaita Vedanta, com quem tive a grande oportunidade de estar durante pouco mais de 30 dias, em abril de 2004, em Rishikesh - Uttara Pradesh, Índia.
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Quero compartilhar, com meus amigos leitores, um texto escrito a partir de aulas dadas por este grande mestre que traduzi há alguns anos, sobre a Criação na visão Vedântica. Antes de mais nada o que é Vedanta? Veda + anta = Porção final (Conhecimento Último, mais importante) dos 4 livros sagrados, chamados VEDAS. "Anta", em sãnscrito, quer dizer "final", não só referindo-se à parte final dos livros chamados Vedas (as escrituras sagradas), mas também, referindo-se ao corpo de conhecimento "último" = "ultimate", 'essencial', o mais importante: O Conhecimento de "Brahman", a Realidade Absoluta, que nada mais é que a Realidade do Eu, do Mundo e de Deus. Ou seja, trata-se do chamado "autoconhecimento". Os quatro Vedas são livros dividos em duas partes, cada um: "Karma Kanda" (karma, da raíz sânscrita "kr" que quer dizer ação e resultados da ação; e kanda, que quer dizer "porção", "parte"), que traz todo o conhecimento ritualístico e ético em termos de valores universais comuns (dhArma), e "JñAna Kanda" a parte final dos livros, (jñAna, da raíz jñA que quer dizer conhecimento). Assim, o Vedanta é o próprio jñAna, o conhecimento que nos dá a libertação (Moksha) da noção errônea de ser limitado, inadequado. Este conhecimento nos vem por meio de textos chamados "Upanishads" que, em linhas gerais, quer dizer "sentar-se próximo ao Mestre e aprender com ele". Esses textos trazem diálogos entre mestres e discípulos sobre a realidade última. Nesses diálogos os discípulos aprendem, de seus mestres, a respeito da sua verdadeira natureza; aquilo que realmente são. Fui agraciado pelo Senhor para estar próximo deste mestre tão iluminado, SrI Pujya Swamiji, aprendendo vedanta durante um mês, o que foi de grande importância e crescimento na minha vida. Assim, vamos ao texto:

"Criação no Hinduismo"
Por SwAmi DayAnanda SaraswatI
Tradução de Rodrigo Duarte - RSih (Rishi)
Introdução
O Hinduismo é uma tradição baseada em Escrituras muito antigas denominadas Vedas. Como outras religiões, o Hinduismo tem seus conceitos teológicos sobre Deus e o Céu. Mas o que o faz tão especial é que diz: “Você é a Totalidade” – significa que fala da sua identidade básica com Deus. Isto é Vedanta, a essência dos Vedas e a real fundação do Hinduísmo. Tudo o que nos ajuda a descobrir a verdade a respeito de nós mesmos – atitudes, valores, crescimento emocional, práticas espirituais – é a parte do Vedanta.

A busca espiritual é aquilo que deve ser realizado aqui e agora, ganhando a visão de que você é a Totalidade. Assim, a vida religiosa culmina no Vedanta, na descoberta de que você é a Totalidade. Tudo mais nos Vedas é uma preparação para essa descoberta. A sua vida inteira é parte dessa preparação. Esta é a visão Védica.

Novamente, a visão Védica da criação tem intenção de nos ajudar a descobrir a verdade de nossa identidade com Deus. Nessa visão, a criação não tem nada que ver com a idéia de que alguém, sentado em algum lugar, tenha criado este mundo, mas, este universo é visto como sendo a manifestação inteligente e desveladora da Onisciência do Senhor. O Senhor é visto como a causa eficiente e a causa material do Universo.

Esta visão é desvelada, neste artigo, sob as palavras do meu Mestre, H.H. Sri Swami Dayananda Saraswati.
(SwAmi VAgIshAnanda SaraswatI)

Entendendo o Senhor como sendo o “Fazedor” e o Material do Universo

O Senhor é a causa primeira do que quer que esteja aqui, conhecido ou desconhecido.

Quando olho para o mundo, percebo um esquema de coisas seguindo uma certa ordem. Toda vez que há uma reunião feita de vários componentes, todos colocados juntos inteligentemente, servindo a um determinado propósito, chamamos esta reunião de criação. Quando as coisas não estão colocadas juntas caoticamente – como quando jogamos coisas numa lata de lixo –, mas colocadas de um modo significativo, dessa forma, as coisas se tornam o total, e esta identidade total única é chamada de criação. A cadeira na qual você está sentado é uma criação. A cadeira é uma reunião consistindo de um certo número de componentes colocados juntos de uma maneira significativa e servindo a um certo propósito e, portanto, é uma criação. Da mesma forma, um carro é uma reunião inteligente, consistindo de um tanto de componentes como motor, radiador, pneus, sistema de marchas, e assim por diante. Uma pilha desses componentes não poderia fazer um carro. Quando eles são inteligentemente reunidos, como o motor é colocado onde deve ser, e as rodas também são colocadas no local apropriado, etc, então você tem uma reunião de componentes que servem um propósito para o qual é designado. Portanto, um carro é uma criação. Um relógio é uma criação. Sua camisa é uma criação. Um núcleo é uma criação. O sistema solar é uma criação. Todas as leis na natureza são uma criação.

Este corpo físico é uma maravilhosa criação. Você olha para qualquer parte do corpo e você será convencido disto. Estes braços têm a quantidade exata de juntas, caso contrário eles não seriam aptos a executar as funções que executam. Olhos, orelhas, coração, pernas – não são desígnios ordinários. Perceba a função do coração. É uma simples bomba que, continuamente executa sua função por muitos anos. É uma grande engenharia e custa muito dinheiro fazer um coração artificial.

Assim, quanto mais pensamos, mais vemos uma ordem muito significativa na criação. Tudo que olho vejo como uma maravilha. Cada célula é uma maravilha. Mesmo as coisas feitas pelo homem como mísseis, computadores, etc, são maravilhas e a mim foi dado um intelecto para descobrir e desfrutar as maravilhas.

O Criador deve ser Onisciente e Onipotente

Assim, este mundo é uma reunião inteligente de componentes, servindo a um propósito definido e, portanto, é uma criação. É uma criação inteligente, que implica conhecimento. O criador, o “fazedor” de algo dado, deve ter o conhecimento desse algo. Não importa se é um pote, um tecido, um pão, você precisa ter o conhecimento disto antes de poder fazê-lo. O fato de ser algo que fique do jeito que você deseja, depende da sua experiência, da sua habilidade, de seus recursos, etc, mas você deve ter, necessariamente, o conhecimento sobre isto antes de começar a fazer.

A lógica é que o criador de algo deve ter o conhecimento daquilo. O criador do pote tem o conhecimento do pote. Quando estendemos essa lógica para a criação do universo, podemos dizer que o criador de todas as coisas deve ter o conhecimento de todas elas. Portanto, Ele deve ser Onisciente.

Novamente sobre o conhecimento, o criador também deve ter a habilidade e a energia para criar. Portanto, o criador de todo o Universo deve ter todo o poder e habilidade para criar todas as coisas. Em outras palavras, o criador deve ser Onipotente.

Uma vez que aceitamos que há um criador deste universo, então, segue-se que o criador deve ser Onisciente e Onipotente. E o conhecimento e a habilidade sempre descansam num ser consciente e, assim, o criador do universo deve ser um ser onisciente e onipotente.

Onde está Deus?

Agora uma questão naturalmente surge com respeito ao criador. Onde está este criador? Está bem claro que o criador não está aqui e em lugar algum em nossa volta e, portanto, nós determinamos um lugar para ele que está além de nosso alcance, além do alcance de nossos olhos, orelhas e pensamentos. Chamamos esse lugar de Céu, onde nosso senso de percepção, nossa inferência e nossa ousadia não podem alcançar. Algumas pessoas chamam isso de “Vaikuntha”, outras chamam de “Kailasaa”. Vamos então, chamar de Céu mesmo. E onde é isso? Lá em cima. Por isso que as pessoas olham para cima, elevam seus braços quando rezam para Deus. Ninguém olha para baixo quando se dirige a Deus.

Então, uma questão surge: Se Deus no Céu criou este mundo, quem criou o Céu? Temos que dizer, “Deus”. Sendo o Céu parte da criação, Deus não poderia estar nele antes da criação e, assim nossa próxima questão é: Onde estava Deus antes da criação do Céu?

A questão permanece não respondida e isso é parte de nosso problema também, porque estamos bem se entendemos. Se não estamos “em casa” com nosso entendimento, como é que estaremos bem com a gente mesmo, como poderemos nos aceitar?

O “Fazedor” e o Material são Um

A questão como onde está Deus não pode ser respondida, a menos que olhemos para a totalidade, como o faz os Vedas. Quando indagamos a respeito da criação e sua causa, não devemos nos limitar a uma parte, mas olhar para a totalidade. Não podemos obter as respostas corretas se fazemos questionamentos errôneos, porque a resposta está sempre em harmonia com a pergunta e, assim, se fizermos a pergunta correta, obteremos a resposta correta.

Quando indagamos a respeito da natureza da causa da criação, percebemos que deve haver duas causas para qualquer criação: O fazedor e o material. O fazedor, aquele que é responsável pela criação, é chamado de causa eficiente ou ‘nimmita-kArana’. E deve haver algum material, com o que se cria alguma coisa. Para a criação de um pote, por exemplo, deve haver algo como barro, argila, ou cobre ou qualquer outro metal, para que se possa fazê-lo. Para assar pão, deve haver o padeiro e a farinha da qual o pão é feito. Com referência à criação do Universo, se o Senhor, Deus é o fazedor, a causa eficiente, a questão é: “Qual é o material utilizado por Ele para criar este mundo?”. Quando investigamos a natureza da causa da criação, devemos levar em conta o material utilizado também.

Onde o Senhor encontrou o material? Aqui, devemos manter em consideração que tempo e espaço são parte da criação também e, portanto, antes da criação não há nada fora da criação, porque “fora” é um conceito de espaço, o qual não foi ainda criado. Portanto, não há nada fora do Senhor antes da criação, e assim, o material precisaria estar dentro do próprio Criador. É por isso que Ele é chamado de “O Senhor”. Portanto, Deus não é somente o “Fazedor”, o “Criador”, como também é o próprio material da criação.

‘tasmAd vA etasmat akasha sambhutah’ (Taittiriya Upanishad 2.1.1) – Do Senhor, que é este Si, ‘akasha’, o 'espaço' nasceu. Do espaço, nasceu o ar; do ar nasceu o fogo; do fogo nasceu a água; da água nasceu a terra. Os Vedas nos dão esse modelo de cinco elementos para a criação do mundo. O mundo é nada mais, nada menos que a combinação desses cinco elementos.

Durante a explicação de como o Criador e o material deste universo são um, os Vedas nos dão a ilustração da aranha: ‘yathornaabhih srhate grnhate ca’ (Mundaka Upanishad 1.1.7) -como a aranha cria sua teia e também retrocede. A aranha é a causa eficiente da teia, porque tem a inteligência e habilidade para criá-la. Escolhe o melhor lugar para construir sua teia, onde não será varrida pela dona da casa, e onde ela poderá obter suas presas. Isto mostra que a aranha tem inteligência. E o material para a teia é secreção de uma glândula interna que ela mesma possui. Da mesma forma, o Senhor projeta esta criação e também a retrocede para dentro de Si mesmo na hora da dissolução.

É como o seu sonho. No sonho, você é o fazedor do mundo do sonho, e você é também a causa material para esta manifestação onírica. Portanto, nós utilizamos a criação no sentido do conhecimento envolvido, a visão envolvida. Neste sentido podemos dizer que o universo é uma criação. Mas do ponto de vista da causa material que consiste tanto do conhecido quanto do desconhecido, o universo é manifestação do Senhor.

No sonho você é o fazedor do mundo de sonho. Você é a pessoa inteligente favorecida com a capacidade ‘shakti’ para fazer, criar esse mundo de sonho. E, não estando separado do material necessário para criá-lo, você permeia a totalidade desse mundo de sonho. O espaço de sonho é você, porque o efeito é sempre sustentado pelo material. Sua camisa, por exemplo, é sustentada pelo tecido; não pode ser independente do tecido. Você não pode imaginar uma camisa sem algum tecido. Este é um fato realmente impressionante. Isto é verdadeiro com referência a qualquer coisa. Não podemos pensar numa construção sem pensar no material com que foi feita. Quando você se dá conta disto, uma coisa se torna muito clara – nenhum objeto pode ser independente da causa material de que foi feito. Mesmo que o objeto seja nomeado diferentemente do material – camisa e algodão – significar diferentemente, e ser entendido diferentemente; ao mesmo tempo, os dois objetos que se referem a duas palavras diferentes, em verdade se referem a uma mesma substância, que é algodão. Podemos ir mais além e dizer que algodão é fibras, e que fibras são moléculas, moléculas são átomos, e átomos são partículas e, assim por diante. Tudo é sustentado por algo a mais. No nível das partículas torna-se um conceito.

Portanto, vemos que um efeito não é separado da sua causa material. Na busca de entender o Senhor, usamos o exemplo do sonho para assimilar o fato de que o Senhor não está separado de tudo o que existe. No sonho, o mundo é sustentado por mim; Eu sou a causa para o mundo de sonho, para o espaço do sonho, para o tempo do sonho, e assim por diante. Eu permeio todos eles. Somente porque eu sou a causa material, é que permeio o mundo de sonho, caso contrário, eu serei o criador do pote que está separado da criação. Quando você compra um pote, o fazedor de potes não vai para sua casa com você, porque ele não fez o pote de si mesmo, pois o material é separado dele. Quando você traz o pote para sua casa você não pode deixar o material, assim como o faz com o criador do pote. Há separação entre o que cria o pote e o material de que o objeto é feito.

Porém, quando estamos falando da totalidade, não é possível uma separação. Sendo você a causa material do sonho, você permeia este mundo todo de sonho. Espaço, tempo, estrelas, etc surgiram de você. Se isto é entendido, o Senhor pode ser entendido como aquele que é 'manifestado' aqui, na forma de espaço, tempo, e tudo o mais que é empiricamente vivido por você. Esta realidade empírica significa “isto é uma cadeira”, “isto é um microfone”, etc, para todos nós. Este mundo todo que é empiricamente real, é uma manifestação do Senhor, ‘BhagavAn’.

Deus (BhagavAn) é para ser entendido. Não, acreditado.

O Senhor não é matéria de crença. É para ser entendido. Este mundo não é matéria para acreditar porque você o percebe. Portanto, o Senhor, não estando separado dele, também não é algo para ser acreditado, e é um desafio entendê-Lo. Se o Senhor está lá no Céu, e não dentro do alcance de sua percepção ou inferência, então Ele se torna matéria de crença. Neste caso, você simplesmente aceita o que se tem dito sem fazer questionamentos. Mas o Senhor dos hindus não é coisa para se acreditar. Os hindus não acreditam simplesmente em Deus, eles O entendem. Esta é a razão pela qual os hindus reverenciam até mesmo o espaço. Há templos na Índia em que se reverenciam os cinco elementos.

Você não requer um altar particular para invocar o Senhor. Você pode invocá-Lo onde quer que esteja, pois o que é que pode não ser Ele? A Ordem total é o Senhor, todas as leis são o Senhor. Somos objetivos quando estamos sensíveis à realidade. Estamos falando daquilo que é, e portanto, não é questão de acreditar. Podemos ver que o ouro é diferente do cobre, que é diferente do chumbo, porque cada metal tem seu próprio peso atômico, suas propriedades físicas, etc. Mas o físico sabe que todos eles são nada mais que energia, quanta de energia. Isto não é para ser acreditado. Se alguém diz, “Eu não vejo isso”, então essa pessoa tem que acreditar, mas não é uma crença com a qual se tenha que viver e morrer. O que se tem aqui é uma crença em iminência de ser descoberta. Há algo para ser entendido. Nós entendemos a diferença e, ao mesmo tempo, entendemos a não-diferença, algo além do que os olhos encontram. Esta é a visão dos Vedas, de que o universo em sua totalidade não é separado do Senhor, porque Ele é tanto a sua causa eficiente quanto a sua causa material.

Visto que o Senhor é todas as coisas, Ele é todos os nomes, todas as formas e, assim, podemos invocá-Lo em qualquer nome e em qualquer forma. Este é o modo maduro de ver a reverência ao Senhor. Podemos rezar a Ele em qualquer língua porque Ele é Onisciente e, portanto, deve saber todas as línguas. De fato, Ele pode nos responder até mesmo antes de O chamarmos. Isto não é indulgência ou qualquer outra coisa, é apenas entendimento. Dizem que os hindus são tolerantes a várias formas de reverência. Nós somos indulgentes, mas neste caso particular, não somos apenas condescendentes. Temos total aceitação sempre que adoração e prece estão em causa. Esta é a razão pela qual encontramos freqüentemente muitos ‘devatAs’ deidades num típico recinto de adoração. Todos os aspectos do Senhor estão representados ali. Nós vemos o Sol como Deus, assim temos ‘SuryadevatA’. Vemos o ar como Deus, então temos ‘VAyudevatA’; vemos a terra como Deus, portanto, temos ‘PrthivIdevataa’, e assim por diante. Nós reverenciamos a causa eficiente, a causa inteligente, e a causa material se torna um símbolo disto. Nós adoramos o Onisciente, Onipotente Senhor, através do símbolo do material. O Sol, a Lua, etc, tornam-se símbolos por meio dos quais reverenciamos o Senhor. Temos grande variedade de deidades por meio das quais reverenciamos Deus. (No hinduismo não existem muitos deuses, mas só Deus, e cada deidade reverenciada representa um ou vários aspectos do mesmo e único Deus, o Criador, ‘Ishvara’).

Apenas Deus

Nós nem mesmo dizemos “Um Deus”, Nós dizemos “Apenas Deus”. Quando você diz que há um Deus, isto significa que você é diferente Dele e que Ele está situado em algum outro lugar. Se Deus é diferente de você, Ele não o inclui, o que quer dizer que o poder Dele não inclui o seu poder. Se Ele é diferente de você, então Ele é diferente de mim e diferente de todos os seres vivos. Isto significa que o poder de Deus não inclui o poder que você tem, que eu tenho, que outros deuses e semi-deuses têm, que os mosquitos e outros insetos têm. Então Ele só pode ser poderoso, mas não o Todo-Poderoso! Ele é como meu tio, então, que é também um homem muito poderoso. Mas mesmo o poder de uma pessoa é sujeito a limitações. Mesmo o presidente dos Estados Unidos, uma pessoa poderosa, é sujeito às mordidas de um mosquito e ataques de vírus! Da mesma forma, o poderoso Deus será sujeito a tais limitações.

Portanto entenda, não há um Deus. Só há Deus, e se alguém O invoca como Allah, está bem; se alguém O invoca como Jesus, também está bem. Não temos problema "de forma alguma". Se alguém não pode aceitar o fato de pessoas invocando Deus em diferentes nomes e formas, este é um problema seu. Nós não temos problema porque nós não temos muitos deuses e nem temos um Deus. Nós temos APENAS DEUS!

Om Tat Sat (Assim seja)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Em busca da Realidade


É simplesmente inacreditável tudo o que acontece Universo afora. É inconcebível à mente humana, sequer imaginar a infinitude deste Universo. Olhando essas fotografias do Telescópio espacial Hubble, só podemos nos quedar boquiabertos com tamanho absurdo!


Imagens fotografadas recentemente de um passado remoto. Zilhões de anos-luz fotografados ainda hoje. Explosões estelares, formações nebulosas, buracos negros, enquanto estamos aqui, preocupados com mesquinharias.

Fico imaginando qual será a experiência de Ser a Totalidade, tal como nos ensinam as escrituras védicas e seus mestres iluminados. Segundo eles, JÁ SOMOS essa Totalidade. Não temos a experiência consciênte de Ser Totalidade devido à identificação tão forte que temos com uma pessoa, um corpo-mente com uma história que se resume a um pelo perto da história que têm as estrelas, as galáxias, sabe-se lá quantas são! Perto dessas imagens, nossas crises ficam pequenas...

O Ser total está, a cada micro-segundo, criando e destruindo estrelas, planetas, assim como nosso micro-sistema físico, o corpo, está criando e destruindo células. Mas, se não conseguimos, sequer, ser conscientes da criação e destruição de nossas próprias células, como poderíamos estar conscientes da criação e destruição que ocorrem em nível astronômico, como mostram essas imagens? Graças à tecnologia, podemos ter consciência, mas não por nossa própria experiência direta.

E o que é ainda mais assustador, é que, paradoxalmente, essas imagens apenas parecem nos tornar mais ciêntes da realidade, quando, em verdade, nos obrigam a reconhecer que ainda continuamos não sabendo de nada.

Quantos universos ainda estão por ser descobertos? Até onde poderemos chegar?

E mais; já sabemos do vazio que constitui a matéria. Para quê precisamos descobrir ainda mais vazios? Já não é hora de retornarmos todas essas zilhões de milhas para dentro de nós mesmos e descobrir o que realmente possa nos interessar?
Ou será que o medo de descobrir em nós mesmos o mesmo negro vazio é o que nos impede de regressar? Fechar os olhos para dormir parece simples à todos. Mas fechar os olhos para olhar o negro que se forma diante da visão e permanecer plenamente consciente já é bem mais difícil. Daí a infinidade de pensamentos que surgem ao fazermos. Mecanicamente o nosso sistema nos protege de um suposto perigo. É hora de encará-lo e ver se ele tem alguma base real em si mesmo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Conheça Paramahamsa NithyAnandaji! Uma Alma belíssima!


Conheci há alguns dias, por videos do Youtube, esse tão jovem e já renomado Mestre Iluminado que, embora não se identifique com nenhum nome e nenhum formato, como de costume a todo jñani ou mukta (homem conhecedor do Si mesmo, realizado, liberado), atende pelo nome de Paramahamsa NithyAnanda. Sua história é bastante inspiradora. O vídeo em que faz um discurso sobre o 17º Aniversário de sua primeira experiência de SamAdhi (iluminação) está abaixo, no final desta página. Assisti a seu video e logo vi que de sua presença emana uma luz intensa e encantadora. Uma sinceridade e uma felicidade de criança! Sinto tranquilidade em confiar em suas palavras. Simples assim...
Ao nascer, no dia 1 de janeiro de 1978, em Tiruvannamalai, Tamil Nadu (Sul da Índia), cidade onde se localiza um grande centro espiritual geográfico, muito famoso, chamado "Arunachala Hill", previu-se, pelos conhecimentos astrológicos, que ele se tornaria um ser iluminado. Recebeu de seus pais o nome de Rajashekaran.
Foi treinado desde os 3 anos de idade em todas as técnicas de yoga, desde posturas, respiração, purificação, até de concentração e meditação, por um mestre yogue muito sério e austero, chamado Yogiraj MahArshi Raghupati Yogi, o que lhe conferiu até mesmo o poder de suportar, posteriormente, fisica e mentalmente, situações extremas de sede e fome.
NithyAnandaji conta que, por volta dos dez anos de idade ele costumava ir ao Templo da montanha Arunachala, local onde há também o Ashram onde viveu o grande Srí Bhagawan Ramana MahArshi, para estar próximo e receber ensinamentos de um Mestre iluminado, chamado Annamalai Swamigal, que havia sido discípulo muito próximo do grande Ramana. Tão próximo que uma de suas funções era ajudar a dar banho ao Mestre. Annamalai contara a NithyAnanda, em um desses encontros, que tocava o corpo de SrI Ramana para dar-lhe banho, e achava muito estranho o fato de todas as pessoas o chamarem "Bhagawan" (Deus) e ele, quando o tocava, sentia apenas estar tocando em um corpo simples, normal. Não havia nada de excepcional no corpo do MahArshi, e as pessoas o chamavam de Deus. Até que, num dado momento, contou que, num banho em que ajudava a dar em Bhagavan, o Grande Guru o tocou e, simplesmente ele entrou em SamAdhi. Entrou num estado de iluminação e nunca mais saiu desse estado. A partir daí, deixou todas as funções de discípulo próximo do Mestre e foi viver numa área próxima ao Ashram, em meditação, em plenitude com o Ser.
Assim, NithyAnanda ia sempre aos dez anos, ver este tão bem-aventurado discípulo do grande Ramana MahArshi, que se tornou mestre pelo simples toque da Graça Divina de Bhagawan.
Ele conta que, num desses encontros o guru Annamalai falava a seus discípulos a respeito do Ser (ATMA), que é livre de prazeres e dores, livre de tristezas, que não pode ser queimado pelo fogo, nem molhado pela água, que é indescritível, para além das palavras, etc, assim como é ensinado no Bhagavad GItA, por Krishna a Arjuna. Porém o guerreiro Arjuna utilizou esses conhecimentos para matar os malfeitores que subjugavam o país à seu bel-prazer em função de riqueza e poder, ao passo que NithyAnanda, ainda com 10 anos de idade, apenas(!), resolveu testar a filosofia ensinada em si mesmo. Foi para casa e, prá ver se realmente estava livre de sentir dor, pegou uma faca e cortou sua perna. Obviamente que sentiu dor, precisou ser levado para o hospital e receber 13 pontos pelo estrago que cometeu. Depois de alguns dias, voltou ao guru reclamando: "-Olha só isso, o senhor me disse que somos livres da dor e do sofrimento, e agora estou sentindo dor!" - ao que o mestre lhe respondeu com uma sugestão de prática meditativa: "-Tente encontrar a fonte de onde você está sentindo a dor. Faça essa meditação". Não satisfeito, o menino retrucou: "- Agradeço muito pela sua bênção e pela iniciação que está me dando, mas o senhor podia ter me ensinado essa técnica antes de eu me cortar, não é mesmo!?". O mestre, então, lhe devolveu uma mesagem de esperança e muito inspiradora: "Não se incomode com essa dor, meu filho, a sua coragem por experimentar a verdade o libertará. Confie e deixe nas mãos de Bhagavan (Deus). Apenas medite como te expliquei".
Assim, casualmente, o menino passou a praticar a técnica que o mestre lhe ensinara. Sempre tentando encontrar a fonte da sensação, a fonte do "eu". Um dia, meditando sobre uma rocha, na montanha de Arunachala, num dia de celebrações religiosas, num final de tarde, período do dia este, chamado de "sandhya". 'Sandhya' é o período mais ou menos compreendido entre 16h30min. a 18h30min., ou seja, a passagem do dia para a noite - estava ele, neste momento, meditando, tentando encontrar a fonte dos pensamentos, e do 'pensamento-eu', assim como prescrevia também o grande SrI Ramana MahArshi, até que, de repente, aconteceu-lhe um intenso evento interior. Sentiu ser puxado para dentro de si mesmo numa imensa abertura de um espaço interior e, de repente, de olhos fechados, podia enxergar, toda a área em que se encontrava, em 360 graus! Lados, frente, atrás, acima, abaixo. Podia ver todas as pedras, rochas, árvores, insetos, tudo! E tudo com uma intensidade absurdamente grande. É uma experiência que, para nós, é algo inimaginável, inacreditável! Permanecia completamente consciente. Sentia-se não só completamente vivo por debaixo de sua própria pele, mas também, vivo em todas as coisas que podia enxergar, em tudo à sua volta! Uma experiência de extrema solidez e intensidade, conta ele. Depois de horas nesse estado, quando, em algum momento sentiu que podia movimentar um pouco o corpo, foi descendo da rocha em que se sentava. E à medida que ia voltando um pouco mais à "normalidade" de antes, começou a ficar apavorado por achar que talvez tivesse sido possuído por algum fantasma. Correu para casa e contou sua história à sua mãe que o ouviu atentamente e respondeu: "-Fique tranquilo, você não está possuído por nenhum fantasma, você está possuído por Deus!". Assim, sentiu-se mais tranquilo e encorajado. Por três dias, não conseguia comer absolutamente nada, pois continuava a sentir-se vivo em todas as coisas! Como podia engolir algo que era sua própria vida?? O corpo não aceitava nada que lhe dessem. Era como se tentasse enfiar seu próprio dedo guela a baixo e tentasse engolí-lo, conta NithyAnanda sempre muito bem humorado.
Bom, para tentar resumir, essa experiência o inspirou a deixar tudo para trás, já com a idade de 17 anos. Assim, comunicou à sua mãe a decisão de deixar sua família, a escola, etc, para viver, durante nove anos, como renunciante, levando consigo apenas a roupa do corpo e uma vasilha para comida, em busca de estar perto de grandes mestres e aprender mais e mais com eles, estudar as escrituras védicas e praticar cada vez mais meditação. Andou por toda a Índia caminhando, literalmente, do sul ao norte e de leste a oeste, esteve nos Himalayas, no Nepal e no Tibet, inclusive na Caxemira, estudou Tantra, Shaivismo da Caxemira, Vedanta, etc, etc. Até que, atingiu, no dia 1 de janeiro de 2000, aos 22 anos, o estágio último da iluminação plena e recebeu o título de "Paramahamsa" (título concedido a todo homem completamente realizado) "NithyAnanda" (Nithya = Eterno; Ananda=Plenitude, Bem-Aventurança).
Fundou uma organização chamada "Life Bliss" através da qual tem concedido a todos que desejam a iluminação, suas bênçãos, ensinamentos sobre as escrituras e técnicas de meditação. Hoje, essa organização, com o trabalho e o suporte financeiro de muitos discípulos, possui muitos ashrams por todo o mundo e tem ajudado a diversas pessoas a encontrarem seus caminhos, rumo à Grande Bem-Aventurança. No dia 1 de janeiro deste ano, completou 30 anos de idade! Com uma vida assim, tão meteoricamente conquistada, que não nos deixe tão cedo! Possa Swamiji permanecer entre nós durante muitos e muitos anos! OM NithyAnandaji kI JAY!!!!!
Para saber mais sobre seu trabalho, entre em http://www.lifebliss.org/ !! Vejam seus videos no Youtube! Basta digitar seu nome "NithyAnanda" e uma infinidade de videos muito bons surgirão! Aproveite e treine também seu inglês à moda indiana!! ;)
OM PAZ!

Reportagem interessante sobre Meditação Vipássana

Aí está uma reportagem da Revista Época sobre o retiro de dez dias de meditação VIPÁSSANA que se realiza diversas vezes por ano em Miguél Pereira/RJ. Uma reportagem bastante honesta e sincera sobre a experiência que a repórter da revista se propôs a viver. O Título é "O Inimigo Sou Eu". Devo dizer que a coletei de um blog cuja dona, chamada Francine, que não conheço ainda, mas espero que ela apareça por aqui para conhecer o meu blog também! ;)
Bom, requer um pouco de paciência e nenhuma preguiça porque a reportagem tem 3 páginas um pouco longas. Mas vale a pena lê-la e ter, ao menos, uma pequena idéia do que seja uma aventura realmente radical!

Aí está o link:

domingo, 20 de janeiro de 2008

Ser = Observador

Há que sair da mente. Na mente não há paz. O constante fluxo de pensamentos não permite permanecermos em plena Consciência. Não é possível. Mas como sair da mente? Como sair desse campo de idéias, de pensamentos que geram emoções, sensações, agradáveis e desagradáveis? O tempo todo somos impelidos a buscar o prazer e fugir da dor. Há uma maneira de cessar isso?
Os homens que atingiram a iluminação nos dão uma seta rumo à libertação disso tudo. Seja aquele que vê! Seja aquele que observa. Quando o pensamento vem, observe. Sem julgamento. Julgamento é mente. Saia do julgamento. Saia do campo da interpretação. Apenas atente-se para o que vem. Observe o pensamento. Se vem uma sensação, Observe-a. É garantido: Ao observar aquilo que acontece "neste momento", simplesmente, o objeto da observação desaparece. O pensamento some. Mas essa não é, ainda, a realização da nossa verdadeira natureza, é apenas o caminho. Para citar mais uma vez Srí Ramana MahArshi, pergunte-se: De onde vem o pensamento? Para Quem ele surge? Apenas leve a mente para onde pode ser a fonte. Não tente encontrar respostas para a pergunta. E nem fique esperando uma resposta. Simplesmente a mente se absorverá na fonte. Quando há uma pausa de pensamentos, pergunte-se "Quem Sou Eu?" E, de novo, não responda, não procure e nem espere respostas da mente. Apenas traga a sua mente para o centro, onde se encontra o coração. Não se trata do órgão físico, mas do "centro" do coração espiritual. Segundo Ramana, este local encontra-se, no peito, um pouquinho à direita do osso externo. Deixe apenas a mente se focar aí após perguntar-se. Não estimule respostas. Apenas atente-se e ponto. É possível atingir um grau de paz e tranquilidade com a prática dessa meditação. Ramana MahArshi diz que nada além dessa prática meditativa é necessário para se atingir a auto-realização. A Consciência e a vivência plena de Si mesmo. Presença. A natureza do Ser (verbo gerúndio - Sendo) é Testemunha. Seja a testemunha última de tudo o que se passa no corpo, na mente e os benefícios serão percebidos!
Tenho realizado muito essa prática e, de fato, quando me coloco como aquele que vê, a paz se instala. Muito já parei para observar alguma sensação de ansiedade, sem tentar expulsá-la, nem julgá-la, mas simplesmente, parei, senti, respirei a sensação, conscientemente e, realmente, não dá 5 minutos e a sensação desaparece. Enquanto tentarmos interpretar e buscar na mente os por quês das sensações, mais as alimentaremos. Quanto mais tentarmos expulsá-las, evitá-las, ficaremos mais e mais presos a elas. Experiência própria! ;)
ॐ शांन्ति!