domingo, 25 de maio de 2008

MEDO: Esteja presente.


Desde criança que algumas vezes surgiam medos
na hora de dormir. É claro que com o desenvolver da personalidade os medos foram se transformando. Quando criança os medos eram do escuro, ou de ficar sozinho, desamparado. À medida que essa pessoa foi crescendo esses medos se modificaram para uma dificuldade de relaxar, de se soltar na cama, o que de uma certa maneira pode se traduzir por um medo do desconhecido, ou medo da morte. Dormir profundamente é como 'morrer' para o ego. No sono profundo, onde não há sequer sonhos, não há ego, não há a pessoa como há em estado de vigília ou de sonhos. Ao começar a relaxar, logo vinha uma falta de ar, um sobressalto e a respiração se agitava. Com o tempo o medo que vinha, na hora de se deitar era um medo do medo que surgia. O horror do medo em si gerava o medo de sentir esse horror mesmo. Não era sempre, mas acontecia às vezes. No dia em que decidi conscientemente enfrentar a situação, trazer a presença e aprofundar as sensações que o medo gerava no meu corpo o que aconteceu foi algo bastante curioso.
Quando a sensação de medo surgiu me conectei com o Ser. Coloquei-me presente, completamente, observando onde surgia a sensação no meu corpo e como a respiração acontecia. Deixei-a tomar conta do corpo e, junto com a respiração, sem tentar expulsá-la, intencionalmente permiti que se aprofundasse. Não modifiquei a respiração. Simplesmente a acompanhei. E a sensação foi se intensificando até que alcançou um pico e a respiração se intensificou naturalmente, e eu, ali, consciente, vivenciando aquela sensação desagradável, porém, livre de julgamentos, de desejos, realmente muito presente, deixando a coisa ser como era. O pico da sensação foi realmente algo libertador, porque eu respirava ofegantemente e o que antes havia se manifestado na região do plexo solar caminhou para o alto e chegou à garganta, até que se esgotou. Então, como que liberta, aquela energia se desfez lentamente. Aos poucos a respiração foi se acalmando... A paz veio se instalando novamente. Demorei um pouco a dormir... mas não tardou tanto quanto antes acontecia nos momentos de medo em que eu resistia a ele. E assim, adormeci e só acordei no dia seguinte, após uma noite tranquila de sono... Hoje posso adormecer com tranquilidade. Digo a mim mesmo: "Agora posso morrer um pouquinho"... e deito, e durmo em paz.

Eu aconselho fortemente a todos. Sinta o medo. Assim também, para qualquer outro sentimento, como tristeza, angústia, etc. Já fiz essa experiência com esses sentimentos que surgem. Eles acontecem devido às impregnações que temos na mente, de experiências vividas, provavelmente, na infância. Não há nenhum problema em vivenciar o que surge! Digo por experiência: No fundo, no fundo, não são sensações nem boas e nem ruins. Quando vc passa a observá-las e 'concordar' com o que são e como são, logo você começa a perceber que você NÃO É elas. São apenas manifestações naturais da mente humana. Não são problemas pessoais... São problemas humanos. Todos as tem. Elas vêm e vão e você apenas as observa. Passa a não haver mais identificação. Sinta medo! Sinta angústia, sinta tristeza! Deixe-as ser aí, agora, como são. Aprofunde-as com o respirar das sensações. Não entre no mecanismo da mente, porque tudo o que ela fará será sugerir outras coisas prá fazer ou pensar. Desça, sem medo, ao seu inferno e permita-se superar o desagradável, porque tudo passa... e no fim das contas, o resultado se revela muito mais compensador. Fugir tem sido a tônica, por anos e anos, ou para um passado, ou para o futuro. Tem adiantado? Somente se supera a dificuldade encarando-a no AGORA, com PRESENÇA plena, livre de julgamentos e desejos, apenas Sendo e deixando Ser.

OM

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O PODER DA PRESENÇA

Olá meus caros leitores... Depois de um longo período distante, retorno para falar um pouco deste homem e do que ele me ensinou...
Venho num processo, desde o final do ano passado, de vivências e aprendizados que, hoje, resultam numa paz ainda maior... E essa paz tem se estabelecido cada vez mais na minha vida. Quem ainda não conhece este homem, não leu ainda, ao menos o seu livro mais famoso, precisa conhecê-lo. Apresento-lhes Eckhart Tolle, o autor do famoso "O Poder do Agora". Ele sabe o que está falando! Seu ensinamento me ajudou ainda mais a me estabelecer na Presença. Tenho aplicado este ensinamento e, garanto, vale muito a pena! Para falar um pouquinho de sua história, era dedicado ao alargamento de seus conhecimentos acadêmicos, phd, etc, mas que sofria fortes crises de depressão, crises de pânico e medo, tinha tendências suicidas. Aos 29 anos de idade, uma noite, teve uma de suas crises terríveis de medo. Em meio a momentos de grande terror, teve um flash de lucidez e decidiu não fugir das sensações e desligou-se da mente e seus pensamentos amedrontadores. Apenas vivenciou a experiência, deu espaço para toda aquela energia, que há tanto tempo vivia bloqueando, se movimentar em seu corpo. Foi quando, no pico de sua experiência teve o momento de sua auto-realização. Havia se colocado em presença, observando o processo, conscientemente. Libertou-se de todo o sofrimento. A partir de então, não mais deu importância aos conhecimentos que vivia buscando, abandonou o trabalho, e viveu durante 2 anos num banco de praça, observando-se, observando o mundo. Hoje é um autor de sucesso pois escreveu um dos livros mais importantes que a humanidade já recebeu. Recomendo-o fortemente a todos que têm interesse em 'crescer' espiritualmente.
Após ter assistido a um video-palestra deste homem, joguei fora todos os meus preconceitos para com este livro sempre alocado em prateleiras de "Auto-Ajuda" e coloquei-me a ler incansavelmente até o fim.
"O Poder do Agora" é um livro que nos ensina a 'concordar' com a experiência que está sendo agora. Nos mostra o quanto a identificação com os conteúdos da mente nos tiram do agora. Na mente há toda a nossa história, todas as nossas crenças, a nossa auto-imagem extraída dessa história e das opiniões alheias. Vivemos no nível mental, praticamente sempre. Vivemos de memória, reagindo padronizadamente a todas as situações que acontecem em nossa vida. E nisso, não pode haver satisfação. Estamos sempre nos sentindo incompletos, inadequados e buscando sempre estar no futuro, pois do ponto de vista do nível mental, só o futuro poderá nos dar uma situação melhor de vida, a sensação de estarmos bem, felizes. Vivemos fugindo daquilo que É agora. Ora, a mente é apenas um arcabouço de memórias e, no máximo, um instrumento (muito poderoso, claro) de raciocínio. Não é ela que deve pautar nossa vida. Existe uma essência muito maior, plena, ampla e toda-permeante, que envolve também a mente, mas que é o que somos de verdade. Uma Presença plena independente da mente, dos atributos da mente, do corpo, dos atributos do corpo, da nossa situação emocional, financeira, etc. Esta Presença nos dá uma sensação de paz duradoura, de completude, preenchimento. Mas a Presença essencial que é o que somos em realidade não pode ser encontrada no futuro. Pode ser somente encontrada AQUI, AGORA, no que está sendo aí. E há uma maneira simples de acessá-la. Estando aí, no corpo, muito mais no corpo do que temos estado a nossa vida toda. No nível da mente só encontraremos projeções, ideais, memórias. Estar no corpo implica concordar com a experiência que está sendo agora. Temos a tendência de fugir dos nossos medos, de nossas angústias e tristezas, das sensações desagradáveis que eles geram no corpo, pensando em algo mais agradável, ao invés de, simplesmente, observar as sensações, sem julgamentos, e concordar com elas. Todo sofrimento, toda dor humana é justamente a oportunidade de observarmos nossas sensações e padrões de reação, para colocarmo-nos em Presença, sentindo, sendo, percebendo, respirando essa energia parada que entra em ebulição dentro do corpo e que tem, em geral, chegado a atacar a mente com as idéias de insegurança e medo. Simplesmente respirar isso, sem alimentar pensamentos, é o segredo. Deixar ser. É garantido. Passa. Em menos tempo do que se pode supor. Deixar a experiência aprofundar-se é o grande aprendizado. Tenho vivido isso e é incrível como o poder da Presença diante da experiência me ajudou a, gradativamente, me desidentificar do sofrimento, da mente, do ruído mental. Sinto-me além de tudo isso, incluindo tudo isso, mas há um espaço muito mais amplo dentro e fora de mim, que permite que as coisas se manifestem, se movimentem, e que não se afeta por elas. Sinto que encontrei a porta de entrada e estou em Casa! Às vezes saio? Sim, saio. Mas já sei o caminho de volta! O barulho da mente não mais me afeta como antes e não há mais ansiedade pelo amanhã. Não há mais a ansiedade do 'vir-a-ser'. Pode ser que ainda exista um processo a ser 'trilhado', vivido, mas sinto que estou na direção certa e isso me deixa muito em paz comigo mesmo. Ao mesmo tempo, sofro junto com as pessoas perdidas 'de suas casas' e sinto um respeito imenso pela dor humana, pela dor do próximo. Por isso estou aqui. Estou descobrindo que a minha missão é ajudar as pessoas, encorajá-las a não mais evitar suas dores, seus medos, suas angústias e a vivê-las, sem medo, inteiramente. É prá isso que vim.
OM Mangalam!